SMCG - 17

Demi finalmente me notou depois do seu surto de raiva. Suspirou, sentando na cama. Eu me aproximei, sentando na frente dela.
 - Eles são uns idiotas.
 - Seu pai me pareceu bem... difícil mesmo. Mas Vanessa até que foi agradável.
Ela riu sem achar graça.
 - Não seja educado, ele é um filho da puta mesmo. E ela tão puta igual, não se engane. Dois putos malditos.
 - Eita, por que essa putaria toda? - perguntei, rindo da sua reação, e ela me olhou fulminante. Mas acabou rindo também. Me senti menos pior por ter feito a morena rir.
 - Longa história...
 - Acho que eu posso ouvir porque meus pais tem telefone celular e já avisei que vou demorar - imitei a voz de seu pai, fazendo-a revirar os olhos e chamá-lo de escroto.
Ela contou bem breve e resumidamente sobre o casal. Descobri que ele havia largado a mãe de Demi para ficar com Vanessa, e que depois de uns problemas, foi obrigada a morar com os dois. Agora eu entendia por que os odiava.
 - Não era nem para você estar aqui - ela reclamou, bufando. Encostou na cabeceira da cama e eu lembrei que Miley havia dito que não conhecia os pais de Demi. Devia ser por isso que não trazia os amigos em casa. - Mas tudo bem, a culpa não foi sua. Se puder não comentar com ninguém... Odeio que fiquem me fazendo perguntas demais.
 - Como quiser. Posso te fazer só mais uma?
 - Pode.
 - E sua mãe? - perguntei e ela enrijeceu na hora. Talvez não tenha sido uma boa pergunta. Definitivamente não foi. Ela coçou a cabeça, visivelmente incomodada. Não insisti. Já tinha avançado bastante com Demi. Ela nunca me contara algo tão pessoal antes. Levantei, olhando em volta. - Eu juro que imaginava seu quarto bem bizarro. Cadê as armas? Algemas? Meu boneco vudu?
 - O que você acha que eu sou? Christian Grey? - ela perguntou e eu ri. Não duvidava nada do jeito que ela gostava de me maltratar. Ela levantou também.
 - Olha o que tenho aqui - disse, enquanto sentava no chão, abrindo a última gaveta da sua cômoda. Revirou alguns papéis, me entregando um. Quando abri, senti meu rosto queimar.
 - Ah, fala sério!
Era uma cartinha minha e ela guardava todas as outras. Demi gargalhou da minha cara, mostrando o resto. Eu me recusei a ler. Ela me mostrou a de outros garotos que estudavam com a gente ainda e rimos da cara deles. Aquilo era tão ridículo! Fechou, voltando a se levantar.
 - E as suas calcinhas? Onde ficam? - eu perguntei com um sorriso cretino, levando um tapa no ombro. Alguns toques na porta e Vanessa entrou.
 - Demizinha, Joseph, vamos? - chamou e a seguimos. Demi me confidenciou que odiava quando a morena a chamava daquele apelido. Não demorei para comer, querendo logo ir embora dali. Me despedi deles, agradecendo pelo jantar. Demi veio me levar até a porta.
 - Ufa! Finalmente! - eu disse e ela também estava aliviada por ter acabado. - Fica bem, ok?
Puxei Demi para um beijo, a abraçando. Queria que sentisse que podia contar comigo, confiar em mim.
 - Obrigada. Boa noite.
Deu um sorriso antes de entrar. Fui embora pensando em tudo aquilo.

Estava jogado no sofá, esperando os caras chegarem. Eu tinha seguido Demi na manhã de domingo, mas meus pais me atrapalharam. Ela pegou um ônibus para Dirven às 10h e eu achei muito estranho. Se eu tivesse conseguido a seguir... Com certeza foi planejado. Sabia que ela tinha inventado aquela desculpa de "folga" da minha cara. Droga, por pouco. Tentei sondar minha mãe sobre.
 - Ela foi comigo até lá, não sabia? - minha mãe disse, enquanto lavava alguns pratos, referindo-se ao seu trabalho. - Apresentei a alguns funcionários, inclusive médicos. Ela me disse que tinha muita curiosidade, queria saber se ia querer ser psicóloga mesmo. Não sabia?
Dei um sorriso forçado, dizendo que sim. Era deprimente minha mãe saber que eu não sabia nem o curso que minha namorada queria fazer. Psicologia... Era cômico demais. Demi, doida do jeito que era, querendo tratar de outros loucos.
Três semanas se passaram desde o dia em que segui Demi. Não consegui saber o que ela foi fazer, mas acabei deixando para lá. Nós estávamos bem mais próximos, como nunca antes. E eu confesso que isso era bom demais. Eu estava apaixonado por Demi novamente. Que derrota. Nem tão derrota porque agora ela pelo menos me correspondia. Ou não. Jamais admitiria para ela outra vez. Por mais carinhosa que estivesse sendo comigo, não me declararia.
Depois que me contou sobre sua família, parecia estar bem mais a vontade quando conversávamos. E eu estava adorando isso, confesso. Agora, de fato, eu conhecia Demi.
 - Amanhã não vai dar, eu vou sair à tarde - Demi explicou, quando eu disse que os nossos amigos tinham marcado de ir ao boliche. Fiquei curioso.
 - Hm... É aquela sua ida misteriosa a Dirven?
 - Que fofoqueiro - ela deu um tapinha no meu braço, entrando no carro. Pensou por alguns instantes, com o olhar perdido no nada. - Eu vou visitar minha mãe.
 - Sua mãe? Ela mora lá?
 - É... Mas ninguém pode saber disso, ouviu? - ela pediu séria, olhando nos meus olhos. Demi tinha acabado de compartilhar seu segredo mais especial comigo! Isso era incrível! - Nem as meninas sabem. Meu pai e Vanessa muito menos. Eu arraco o seu pau, Joseph!
 - Ei, calma aí! Não precisa de tanto. Ninguém melhor do que eu para guardar um segredo.
Ela cruzou os braços, levantando a sobrancelha.
 - É mesmo? Por quê?
Eu apenas a encarei, desistindo de responder. Ela não precisava saber que eu escondia uma paixão louca por ela. Ou precisava? Eu a levei lá pra casa e nos pegamos muito.  A cada beijo, a cada toque, a cada transa, a cada conversa, eu gostava mais de Demi. Às vezes parecia surreal que ela estivesse me dando bola, mas quando me beijava com vontade e me tratava carinhosamente, eu voltava à realidade. Ainda surtava comigo, mas sempre dava em bons resultados.
 - Olá, meu amores. Vamos comer? - minha mãe nos chamou, assim que chegou do trabalho. Dessa vez meu pai estava presente, tendo a oportunidade de conversar mais com Demi. E era incrível como eles a adoravam. Quem não adoraria?
No final, minha mãe contou a Demi que não conseguiria mais colocá-la para estagiar no hospital psiquiátrico porque não era mais a administradora. Vários funcionários foram demitidos e um parente do dono foi colocado como administrador. Demi ficou mais abatida do que minha mãe.
 - Relaxa, Demi. Ano que vem você vai entrar na faculdade e vai ter a oportunidade de estagiar.
 - É, eu sei... - ela apenas respondeu cabisbaixa, na frente da casa dela. Um silêncio se instalou entre nós, e percebi que a morena estava em outra dimensão. Apenas a abracei forte e ela correspondeu. Como eu adorava quando a gente se encaixava!
 - Não fica triste por causa disso...
 - Impossível - ela murmurou, ainda abraçada a mim. - Muita coisa muda por causa disso...
 - Como assim?
 - Obrigada por estar comigo - ela disse, me olhando e segurando meu rosto em suas mãos. Demi o fazia com intensidade, como se tivesse se despedindo, me deixando confuso. Me beijou com vontade e eu correspondi. Ela não tinha presa, e muito menos eu. Esperei que entrasse para ir embora e algo estava me incomodando muito. O comportamento de Demi me preocupava. E eu tinha razão, pois logo depois aconteceu.


Oi, lindas! Saudade! O segredo da Demi está relacionado a esse hospital onde a mãe do Joe trabalhava e vocês vão entender nos próximos capítulos. Já aviso que esse fase amorzinho vai passar, haha. Mas isso aqui é romance, no final dá tudo certo. Ou não. Beijo! 

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